Os 120 dias de Sodoma foi objeto de especial estima por parte do marquês de Sade. Tendo dado por perdido o rolo em que o escrevera, ao ser retirado às pressas da Bastilha, às vésperas da Revolução, o autor morreu sem saber que o manuscrito seria mais tarde recuperado e publicado. Este é um livro incomum, de leitura perturbadora, cuja chave-mestra talvez seja o humor. Um humor negro, sombrio, genuinamente perverso e absurdo.
Neste livro, é em nome da racionalidade que o autor destila à exaustão sua consumada virulência. E o faz em estilo requintado, em nome do ateísmo, em frontal combate a Deus e à religião, mediante o solapamento de todas as instituições humanas, para o bem e para o mal. Assim sendo, em Os 120 dias de Sodoma , o leitor poderá flagrar o homem, ver o humano em potência, para além do horror e do grotesco, para além do apelo abjeto com que esta obra se despe e se reveste.
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